Reality
Gostava de ser como aqueles casos de doenças graves que aparecem nos programas da tarde (raramente vejo, mas às vezes faço zapping pelos canais), onde ouvimos muitas vezes pessoas com doenças terminais e onde parece que têm uma visão cor-de-rosa da vida, mas eu não sou assim. E mesmo essas pessoas, será que não têm dias maus em que a esperança e o pensamento positivo as abandonam?
A vida é engraçada, perdemos tudo de um dia para o outro, não é que se calhar tenha havido mesmo essa mudança ou perda, se calhar é uma mudança interior a mudança do embate com a realidade, nestas férias tive esse embate. Embate com a realidade de que sou frágil e que nem umas férias o meu corpo aguenta mais sem me levar a um estado de exaustão extremo. E qual a solução? Deixar de viver ou fazer as coisas, mesmo sabendo que no dia seguinte vou pagar o preço? E qual será o verdadeiro preço que pago? Será que esse preço é só uns dias de cama e sem conseguir fazer nada? Ou será que tem um preço mais alto?
Nunca vou saber qual o verdadeiro preço, porque ninguém me sabe dizer se estou a encurtar a minha escassa autonomia ou se é simplesmente cansaço... Talvez eu não tenha noção do frágil que sou, talvez eu tivesse a ideia que podia tudo e agora já não tenho. A doença rouba me muitas coisas, principalmente a liberdade de andar normalmente, mas agora talvez me roube a liberdade de ir... Não quero me transformar numa prisioneira na minha casa, mas vejo essa realidade cada vez mais perto...
Boa semana
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